quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Manifesto Mulheres Brasileiras em Portugal


Na sequência do post sobre minha experiência com os serviços prestados a imigrantes brasileiros na Europa, tive acesso ao seguinte manifesto, através da amiga Dani Capela, ativista feminista brasileira que atua em Portugal. No link abaixo você pode conferir o manifesto na íntegra, as entidades que o apoiam, assinar a petição on-line e acessar as polêmicas representações das mulheres brasileiras.

Manifesto Mulheres Brasileiras em Portugal

Manifesto em repúdio ao preconceito contra as mulheres brasileiras em Portugal, em função do mais recente caso de estigmatização das brasileiras na comunicação social portuguesa, o programa Café Central da RTP. Solicitamos o seu apoio! Nossa página no facebook: http://www.facebook.com/pages/Manifesto-contra-o-preconceito-às-Brasileiras/150678238354784 Contato: manifestobrasileiras@gmail.com

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Design inútil em Lisboa

Começou no dia 28 de setembro e vai até o dia 27 de novembro a 6ª edição da Experimenta Design (EXD), bienal internacional dedicada ao design, arquitectura e criatividade que ocupa uma série de espaços da cidade de Lisboa e cujo tema este ano é USELESS, isso mesmo, SEM USO. Segue a apresentação do tema, que retirei do site da bienal, onde também consta toda a programação (http://www.experimentadesign.pt/)

O tema da 6ª edição da Bienal propõe um questionamento aprofundado da ideia de utilidade e do conceito de “sem uso”. Numa sociedade obcecada com a prossecução de objectivos tangíveis e o acumular de objectos, a ideia de não fazer nada é um absurdo. Pior: é política e socialmente incorrecto. A aparente — porque é disso que se trata — ausência de utilidade ou propósito parece ser hoje o equivalente secular do pecado. No entanto, o tempo passado à espera, a transitar de uma acção útil para a seguinte, não pára de crescer. Procuramos freneticamente preenchê-lo fazendo compras, comunicando sem parar, mantendo-nos – obsessivamente – ocupados. Qualquer coisa, tudo menos não fazer nada.
Se transitarmos para a esfera do design, a ideia de “sem uso” torna-se ainda mais complexa e falar de design inútil resulta num oximoro. O design deve responder a uma necessidade, solucionar um problema. Mas se prestarmos atenção, quantos dos objectos e projectos que nos rodeiam cumprem, efectivamente, o que prometem? Serão todos eles um desperdício de tempo e recursos? Muitos sê-lo-ão certamente, mas outros são tão necessários quanto o sono, esse tempo ocioso preenchido de sonhos.
No programa da EXD’11 a ideia — e juízo de valor subjacente — de inútil ou sem utilidade será examinada de diferentes perspectivas. Numa perspectiva económica, questiona os paradigmas da produção industrial, a inevitabilidade do consumo e as decorrentes problemáticas do desperdício e desenvolvimento sustentável. Numa perspectiva cultural, arrisca um olhar sobre a ética de trabalho do mundo Ocidental e do dogma da produtividade; numa perspectiva social, propõe-se questionar o equilíbrio precário entre percepções objectivas e subjectivas de “valor”, atribuídas a instituições, interacções ou até mesmo indivíduos. Do ponto de vista intelectual ou criativo, traça um perfil do potencial insuspeito — mas avassalador — de experiências, tentativas falhadas, protótipos abandonados e descobertas surpreendentes para as quais não foi, aparentemente, encontrada uma finalidade.
O programa da EXD’11 propõe reavaliar conceitos — e preconceitos — ligados à utilidade e sua ausência. A inutilidade, tal como a beleza, está nos olhos de quem vê; tal como o prazer puro, é desinteressada. Uma experiência inútil pode apaziguar ou exacerbar o desejo; pode levar- nos a usar menos ou, pelo contrário, a querer mais. Useless pode conduzir-nos à problemáticas concretas, de aplicabilidade e execução definidas, ou pode igualmente inspirar uma reflexão simbólica, quase lírica, sobre a importância de dimensões como a beleza, o sonho e a invenção.

Quando cheguei em Lisboa, a EXD'09 estava acontecendo e foi uma ótima surpresa encontrar no design um terreno tão propício para o pensamento de algumas questões amplamente discutidas nos campos de estudos da comunicação, da tecnologia, da filosofia etc. O tema da Bienal passada foi O tempo do design e publiquei aqui o link para um texto publicado no Trópico sobre a exposição lapse in time, que pode ser lido aqui.
Baseado apenas no conciso - e belo! - texto que introduz o tema desta edição, suspeito de que o tema da edição de 2011 (USELESS) guarda múltiplas relações com o tema da última edição (O TEMPO DO DESIGN), mas provavelmente desencadeará novos e frutíferos caminhos para a formulação da noção de criatividade como gesto que ultrapassa a solução de problemas e se abre às indeterminações inventivas do tempo e do uso.

Criminosos, até que se prove o contrário



Por volta de abril de 2009, recebi a notícia de que havia sido contemplado com uma bolsa de estudos da Comissão Européia para realizar um mestrado Erasmus Mundus, com lugar em três países europeus (Portugal, Espanha e Inglaterra). A notícia, evidentemente, me deixou muito feliz e, poderia até dizer, que me sentia reconhecido como pela Velha Europa. O que depois constatei que era uma grande ilusão, uma vez que há um divórcio entre os Estados Membros da UE em sua concretude institucional e os projetos desenvolvidos nas altas cúpulas européias.
Realizados os procedimentos de matrícula, internos ao programa de mestrado, meu primeiro encontro com o governo português, através do Consulado de Portugal no Rio, já prenunciava que o sentimento de prestígio não era mais que uma alucinação. Tudo correu normalmente. Quero dizer com isso que, até dar entrada no pedido de visto, perdi umas 3 ou 4 manhãs inteiras, eventualmente fui tratado com grosseria ou impaciência, e, entre a primeira visita e a última, nenhum documento substancialmente novo foi incorporado no meu processo. O visto me foi concedido a menos de quatro horas da partida do meu vôo Rio de Janeiro-Lisboa.
Já em Lisboa, era preciso ir ao SEF, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, um órgão policial com soberania investigativa, o que significa que não há nenhuma regra clara, nenhuma relação óbvia entre os documentos listados no site e os solicitados cara-a-cara. Na segunda visita à instituição, no Marques de Pombal, em dezembro passado, consegui resolver minha situação, depois de 8 horas de espera, sem água para beber (O policial me informou que isso não era problema deles, embora houvesse ali um filtro à secas). Tudo dentro da normalidade: demora e maus tratos.
Janeiro de 2010 e é chegada a hora de passar novamente por esses processos, normais, de quem viaja a estudo. Agora, no Consulado de Espanha em Lisboa. Dessa vez, foram 12 idas ao Consulado e atendimento em um guichê que exibia a ultrajante e emblemática placa “Cuidado, estou de mau humor”, além da venda estapafúrdia de fotocópias certificadas de todo o passaporte (inclusive páginas em branco), sem recibo e sem que eu jamais as tivesse em minhas mãos. Por acaso, uma amiga de Sérvia, do mesmo mestrado, com o mesmo funcionário, precisou pagar duas vezes pelo pedido de visto, pois ele não sabia que Santiago de Compostela era província de A Coruña, de modo que o pedido de minha amiga não chegou onde devia e foi rejeitado.
Recebi meu visto de Espanha quase duas semanas depois de iniciadas as aulas, fui à Polícia quando cheguei em Santiago de Compostela (desta vez, à Polícia propriamente dita), me registrei sem nenhum problema em cerca de 20 minutos (imagino que eles tenham criminosos mais perigosos que nós para maltratar).
Este ano foi preciso renovar a autorização de residência aqui em Lisboa e nada de extraordinário se passou. Desta vez, foram apenas 7 horas no CNAI (Centro Nacional de Apoio ao Imigrante), onde há até máquina de café. Ali, depois de uma funcionária, na triagem, me dizer que não aceitariam a carta da Comissão Européia informando da bolsa, pois estava em inglês (a mesma carta aceita sem problemas no ano anterior e, no fim das contas, também aceita este ano), uma funcionária me tratava com um misto desta arrogância já referida e de um tom infantilizante por eu ser estudante, pedia-me minhas notas e questionava o fato de eu ter feito apenas duas disciplinas, o que provém da estrutura mesma do mestrado (a qual eles desconhecem por completo). Deste modo, atualmente aguardo a chegada do meu novo cartão de residente e alguns documentos para dar entrada, no começo do ano, no meu pedido de visto pra a Inglaterra, onde termino meu mestrado.
Estas linhas, entretanto, foram desencadeadas por um telefonema, recebido agora de manhã, de um amigo brasileiro que fez o mesmo mestrado que eu e atualmente cursa o doutoramento em Lisboa. Hoje, ele viajou (pela hora, já deve ter ido) para o Brasil para passar as festas de fim de ano com a família. Ontem à noite, recebeu um telefonema do SEF que o intimava a comparecer no CNAI. Hoje, antes de seu vôo, esteve lá e era preciso assinar novamente um documento, segurando a caneta com mais força. Já no aeroporto, indo pra casa, precisou apresentar o cartão de residente. Como acaba de pedir a renovação, conta apenas com a fotocópia do antigo (coisa que eu nem tenho) e com os recibos do SEF. Ao comunicar isso ao policial, já abrindo a mochila para mostra-los, ouviu: “Mostra logo isso ou te levo preso por estar ilegal”.
A arrogância, truculência e inabalável soberania dos quadros responsáveis pelas emissões de visto e de autorizações de residência, junto ao movimento de criminalização da imigração, nos deixam duas possibilidades de toma de posição: A resignada, que consiste em “farei tudo o que eles mandarem, quantas vezes eles mandarem, até meu dinheiro acabar e, quando isso acontecer, volto pra casa”; ou a indignada, que consiste na resignada, mas que a torna pública.

Lisboa, dezembro de 2010

Ultrassonografia de uma dissertação ou o resumo

Após as intervenções pós-qualificação, acho que a versão final de minha dissertação, já batizada de "ATENÇÃO, TRANSDUÇÃO, INDETERMINAÇÃO: Sobre estética e política à luz das imagens heterocrônicas e das narrativas transmídia", pode ser resumida assim:
A presente dissertação está ancorada em três termos: atenção, transdução e indeterminação. Nossa hipótese consiste na defesa de uma relação de imanência entre eles, sendo a atenção um sistema transdutivo portador de um potencial de indeterminação. Tal formulação se afasta da abordagem cognitivista da atenção que, baseada na Teoria da Informação e comprometida com a eficácia no desempenho de tarefas, tornou-se a perspectiva hegemônica nos discursos acerca da atenção. Além disso, nossa asserção está na base, ao mesmo tempo em que é um efeito, do nosso entendimento de como se relacionam estética e política na contemporaneidade. Pois se por um lado, o fato de pensarmos os regimes atencionais como sistemas transdutivos nos liberta de um mundo dado a priori, por outro, a margem de indeterminação implicada neste sistema abre nosso campo de experimentação afetiva a todo tipo de investimento, intencional e não-subjetivo, que delineia as estruturas dinâmicas de poder que configuram nossa formação histórica. Privilegiaremos em nossas análises dois recentes fenômenos midiáticos que nos parecem estratégicos para uma leitura das relações entre estética e política, à luz da noção de atenção: o que Thomas Levin (2006) chamou de imagens heterocrônicas e o que ficou popularmente conhecido como narrativas transmídia. O primeiro deriva dos desenvolvimentos digitais nas tecnologias da imagem, sobretudo em seu aspecto modular (Manovich: 2001), que propicia um colapso nas categorias forjadas na estética de Gotthold Efraim Lessing de consecução e adjacência, de narração e imagem, de tempo e espaço. O segundo fenômeno configura-se na esteira dos desenvolvimentos da web 2.0, que reconfiguram o contexto midiático sem que os sistemas tradicionais de transmissão (broadcast) desapareçam. No caso das narrativas transmídia, observamos um rearranjo na lógica narrativa que se tornou hegemônica na indústria cultural moderna, no sentido de que essas novas narrativas deixam de ser entendidas como um sistema fechado, portador de um sentido determinado no âmbito da produção, e se capilariza nas redes, adquirindo tantos sentidos quanto os nós que é capaz de produzir. Nossas análises dos processos atencionais orquestrados por essas novas produções midiáticas supõem a instalação da atenção na dobra entre o mundo como fluxo e movimento e o mundo individuado e estático, o que desenvolvemos a partir de autores como Henri Bergson e Gilbert Simondon.
Caso o finalzinho deste período pré-natal ocorra sem grandes emoções e a "criança" esteja saudável, será um prazer compartilhar o parto com os amigos.
Data, hora, local e banca: informo assim que estiver com tudo confirmado.
 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

CHAMADA PARA ENVIO DE TRABALHOS / Doc On-line 11 / Tema: Teoria do documentário


Prazo: 30 de novembro de 2011
Secções da revista:
Dossier Temático | Artigos | Análise e crítica de filmes | Leituras | Dissertações e Teses | Entrevista

http://doc.ubi.pt/callforpapers.html

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